Nestes versos, Rita Lee lança luz sobre a complexidade da condição feminina; a referência ao ciclo menstrual como uma característica biológica, assim como um aspecto que confere às mulheres um “sexto sentido”, um entendimento profundo que transcende a razão, ressalta a necessidade de uma abordagem que valorize e integre a totalidade da experiência feminina, especialmente no âmbito da saúde.
O dia 8 de março nos convoca a uma reflexão sobre a jornada pela saúde feminina, marcada tanto por conquistas significativas quanto por desafios persistentes. Este dia é um chamado à ação para a adoção de uma abordagem holística e sensível às questões de saúde que afetam exclusivamente as mulheres.
Ao abordarmos temas como saúde reprodutiva e saúde menstrual, não os vemos apenas como áreas de atenção médica, mas como portais para a compreensão do panorama complexo das necessidades de saúde feminina. Estas questões sublinham a urgência de práticas de saúde que abracem tanto a especificidade quanto a universalidade das vivências femininas, garantindo que nenhuma mulher seja deixada para trás.
A reflexão sobre o papel das mulheres no trabalho de cuidado, muitas vezes invisibilizado e não remunerado, nos impulsiona a questionar as estruturas sociais e as normas de gênero que permeiam nossas vidas. Esse papel crucial para o tecido social merece reconhecimento; compreendê-lo e valorizá-lo são etapas fundamentais na construção de um mundo mais justo.
Em 2023, novo entendimento do STF marcou uma mudança importante neste sentido, reconhecendo o direito dos servidores públicos que cuidam de pessoas com deficiência à redução de jornada de 30 a 50% sem redução salarial. A decisão se aplica a todas as pessoas, independentemente de gênero, mas beneficia especialmente as mulheres, que frequentemente assumem tarefas de cuidado com as crianças, idosos e pessoas com deficiência da família. Na USP, este direito é garantido através da Resolução GR nº 8429/23, que implementa o horário especial de trabalho.
Ciclo Verde
Neste contexto, emerge o projeto “Ciclo Verde”, desenvolvido em parceria entre o Hospital Universitário (HU), a Superintendência de Gestão Ambiental (SGA) e a Superintendência de Saúde (SAU). Esta colaboração interdisciplinar aborda a saúde menstrual a partir de uma perspectiva sustentável, evidenciando a importância de práticas ecológicas e educativas em relação à gestão menstrual.
Ao promover o diálogo sobre alternativas sustentáveis e acessíveis, o “Ciclo Verde” não apenas busca mitigar o impacto ambiental associado aos produtos menstruais tradicionais, mas também visa combater o estigma e a pobreza menstrual, garantindo que a saúde menstrual seja considerada uma questão de saúde pública, dignidade e direito.
Coração de Mãe
O Programa “Coração de Mãe”, promovido por HU e SAU, é direcionado a gestantes que possuem vínculo familiar com membros da comunidade USP (estudantes, servidores técnico-administrativos e docentes), oferecendo acesso a cuidados obstétricos durante a gravidez, o parto e o pós-parto no Hospital Universitário.
Medidas inclusivas e igualdade de gênero são necessárias e urgentes. Elas asseguram que cada mulher tenha suas demandas reconhecidas e satisfeitas. Ecoando Rita Lee: “não provoque, é cor de rosa choque.” Um manifesto para que o mundo reconheça e respeite a inegável potência das mulheres.